23.9.09

 

A arte algumas vezes cura, em outras alivia, mas sempre consola




Pintura, música, teatro e outras formas de arte são armas poderosas para a medicina. Ajudam o corpo a produzir substâncias que relaxam, acalmam e alegram, melhorando a capacidade do organismo de se defender das doenças e de combatê-las, quando já instaladas. Por isso,tente incluir alguma manifestação artística no seu cotidiano. É um "remédio", você vai ver.



por Paulo Barreto Campello de Mello*




Segunda-feira, 10 horas. Da entrada dos hospitais e clínicas especializadas às alas internas, grafites enfeitam as paredes. Os cordéis do médico gastroenterologista Wilson Freire (48) ensinam saúde e também cidadania: "Não deixe que a terra coma/ O que ainda de vida têm/ Por isso doe os seus órgãos/Pra que eles vivam em alguém".


Nas maternidades, gestantes ouvem as suas músicas preferidas antes e durante o parto. É a celebração da vida. Ao som de Vivaldi (1678-1741) e Mozart (1756-1791), bebês são acolhidos no berçário. Embalados pelas composições suaves, dormem melhor e a amamentação é facilitada; os prematuros precisam de menos remédios. É o som da vida.


No "castelo" - a escolinha de arte do complexo hospitalar -, crianças com doenças graves, como câncer e problemas cardíacos, fazem toda sorte de reinações artísticas: música, teatro, dança, capoeira, maracatu, pintura, fotografia. Nos leitos, outras escutam contos de fada e criam as próprias histórias. Ao mesmo tempo, médicos músicos e seus convidados percorrem enfermarias, serviços e corredores, tocando e maravilhando. É uma terra encantada de esperança que se alastra pelas salas de aula. Nelas, futuros profissionais da saúde aprendem que a arte pode - e deve! - ser usada como terapêutica e na humanização da medicina.

Conto de fadas? Ficção? Futurologia? Nada disso. É o programa que criamos há 12 anos na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE): "A arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola". São dez projetos, que já beneficiaram cerca de 30 mil pacientes de hospitais universitários e da rede SUS e demonstraram que a arte é arma poderosa no tratamento e na prevenção de doenças.

Se você duvida, experimente. Inclua no seu cotidiano algum tipo de manifestação artística. Pode ser literatura, poesia, música, canto, dança, escultura, pintura, fotografia ou o que gostar mais. Depois, envie-me um e-mail contando o resultado. Ah, você prefere apenas admirar? Tudo bem. A saúde também lucrará.

Está comprovado cientificamente que a arte promove saúde de várias maneiras:

* Estimula a produção de anticorpos que fortalecem nossas defesas contra ataques de vírus, bactérias e fungos nocivos ao organismo. Ajuda, assim, a combater infecções instaladas e a evitar novas.

* Leva o cérebro a estimular a fabricação de substâncias que acalmam, alegram e relaxam.

* Funciona como ponte entre as emoções e nosso corpo, pois o cérebro "caminha" no organismo. Sob sofrimento, pode ir à pele, causando doenças dermatológicas, ou ao estômago, provocando úlceras e gastrites, ou, ainda, ao coração, levando a "batedeiras". Por meio da arte é possível revelar essas conexões.

* Ajuda na recuperação motora de pacientes que tiveram, por exemplo, derrame. Dedilhar um teclado funciona tanto quanto movimentar cem vezes o dedo. E, para quem precisa de fisioterapia de vias respiratórias, tocar flauta ou pífano resulta tão eficiente quanto insuflar luvas. A diferença é que o tratamento com instrumentos fica mais prazeroso. E pessoas felizes recuperam-se mais rapidamente.



Portanto, mesmo que a sua saúde esteja ótima, dedique-se a uma atividade artística com a qual se identifique. Pratique ou aprecie. Se tem filhos, estimule-os. Deixe a arte entrar nas suas veias. É a minha receita da vida. Prescrevo aos meus pacientes, recomendo a todas as pessoas. Dê-se esse presente.

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*Paulo Barreto Campello de Mello (52), médico com pós-graduação em Clínica Médica e Pneumologia, é professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE) e vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina e Arte. Co-autor do livro A Receita da Vida -A Arte na Medicina (Edupe), integra a Orquestra de Médicos do Recife.

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20.9.09

 

10 dicas para estimular a criatividade

por Raul Evaristo



Por mais que todas as teorias de educação preguem o contrário, o fato é que as escolas treinam as crianças para que busquem a solução CORRETA, não a criativa. A maioria das pessoas nasce relativamente livre para ser, com o tempo, continuamente reprimida até quase não sobrar idéias. Em outras palavras, a criatividade é inata; a “caretização”, aprendida.

Esse sistema predatório em busca de “resultados” torna a massa extremamente dócil, já que, em qualquer cultura, é preciso coragem para se ter idéias novas. E muito, muito mais coragem para expô-las. Quantos não pensaram que a Terra era redonda mas não eram machos o suficiente para dizê-lo? E que o homem e o macaco tinham um antepassado em comum? Mesmo hoje, quantos não reprimem idéias que poderiam levar a um mundo melhor apenas pelo medo do ridículo?

Pois é. Para se ter idéias novas é preciso motivação, encantamento, relaxamento e, acima de tudo, uma baita duma coragem. Com isso em mente, seguem mais 10 dicas:



Informe-se. A inspiração não surge do nada. Pessoas criativas normalmente conhecem a fundo os temas sobre quais opinam.



Desfoque. A pressão para pensar em um único tema é uma inibição latente. Por mais que falem maravilhas de se permanecer “concentrado”, é sempre bom ter em mente que esse processo restringe e limita idéias novas.



Busque experiências diferentes. Entre em contato com manifestações artísticas ou atividades físicas inéditas. Novos esportes, radicais ou não, tipos de dança ou coreografias como Capoeira, livros de autores desconhecidos ou inéditos para você (Dostoiévski, por exemplo). O mesmo vale para gêneros musicais e artísticos em geral.



Tire um tempo para si. Procure reservar de 15 minutos a meia hora por sessão, pelo menos umas três vezes por semana, para escrever, desenhar, tocar algum instrumento ou mesmo cochilar, sem ser interrompido.



Redefina visuais. Desenhe um mesmo objeto de vinte ou mais formas diferentes. Se não souber desenhar ou estiver com preguiça, procure fotografar um mesmo objeto de 50 formas diferentes.



Fotografe sua rua. Aproveite que câmaras digitais tornam a fotografia uma experiência barata e condicione seu olhar. Sem sair de casa ou de sua rua, fotografe texturas, folhas, cores, formas. Se aproxime de objetos cotidianos como tampas de bueiros e os explore visualmente.



Exagere. Amplifique detalhes de sua experiência ou de sua relação com o mundo. Veja seu cotidiano pela ótica de uma criança de seis anos ou menos. Transporte-se para um olhar diferente do seu.



Interrompa seu dia. Pare por alguns instantes e faça algo que demande atenção, de preferência física. Regue plantas, por exemplo. Isso ajuda a desfocar e quebra a concentração. Vá tomar um café, converse com alguém alheio ao problema (mas não se prenda ao assunto que está trabalhando).



Copie. Por mais que pareça feio, essa atividade não tem nada a ver com plágio, muito pelo contrário. Ao copiar uma obra pronta sem saber qual foram as etapas seguidas para sua realização, você é obrigado a refazer o caminho passo a passo. Nesse processo, muitos desvios aparecem, sugerindo soluções mais adequadas. Para tornar o tópico mais divertido, copie coisas que não têm nada a ver com seu trabalho: esculturas, peças de teatro, prédios etc.




Mova do literal para o pictórico. Desenhe, diagrame ou busque fotografias que ilustrem sensações ou situações cotidianas. O barulho de um mosquito, o cheiro de pipoca etc.
Mesmo que essas dicas todas não te ajudem, certamente não farão mal. Tenha em mente que aquele tipo focado e concentrado, o tipo que nunca se desvia do assunto, pode até ser bom profissional, mas é chatérrimo.

Fonte: Blog Arte e Desing Gráfico

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15.9.09

 

Lixo que vira arte não polui as águas











Hoje visitando o Blog Bem Legaus peguei esta dica de arte feita a partir de reciclagem.

As obras são de David Edgar (artista e professor aposentado da Universidade de Charlotte). Depois de 25 anos fazendo esculturas em metal, atualmente trabalha com garrafas plásticas de detergente e de diversos outros produtos O projeto se chama "Plastiquarium: recycled plastic art" (veja no link mais fotos) e as peças são esculturas incríveis.

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14.9.09

 

O pai dos burros - dicionário de lugares-comuns...


sinopse:
O pai dos burros é o resultado de uma obsessão de mais de três décadas - desde os anos 1970, o jornalista e escritor Humberto Werneck coleciona expressões que, de tanto ser repetidas, tornaram-se lugares-comuns ou frases feitas. O uso indiscriminado tornou-as gastas, carentes de significado.


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Folha de São Paulo
Data: 25/8/2009

Dicionário traz surrados clichês para todos os gostos


Livro reúne 4.500 lugares-comuns, terror dos escritores; autor lança hoje


IVAN FINOTTI

É de tirar o chapéu. A faraônica obra "O Pai dos Burros - Dicionário de Lugares-Comuns e Frases Feitas", de Humberto Werneck, vai cair como uma bomba na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, onde o autor estará autografando hoje à noite.

O livro, ao qual não se consegue largar, traz 4.500 surrados clichês, divididos em 2.000 verbetes, reunidos nos últimos quarenta anos pelo combativo jornalista. Werneck não brinca em serviço. Sempre que ouvia uma pérola, anotava num guardanapo. Ou melhor: pérola não, mas uma "antipérola", como ele prefere.

Sim, porque quem não vive da língua de Camões pode ficar até vivamente impressionado com as frases feitas. Os lugares-comuns travestem-se de sabedoria dos antigos e podem dar a impressão de que aquele indivíduo está fazendo bonito e falando difícil como um comendador. No fundo, porém, são apenas clichês que lhe saem da boca pra fora (é o caso clássico do jogador de futebol).

Werneck cita em seu prefácio uma ideia luminosa da socióloga e cientista política alemã Hannah Arendt: "Clichês, frases feitas, adesão a códigos de expressão e conduta convencionais e padronizados têm a função socialmente reconhecida de proteger-nos da realidade (...)".

É curioso procurar as palavras que mais se prestam ao lugar-comum. Há, por exemplo, "tempo" (30 frases feitas no dicionário), "vida" (35; confira no quadro à esquerda) ou "mão", com nada menos que 47 registros: mão na roda, meter a mão, de mãos abanando, com uma mão atrás e outra na frente, lavar as mãos e passar a mão.

Em resumo, os clichês são uma tragédia; o livro é um excelente manual de como não fazer um texto e o título "O Pai dos Burros" se revela uma injustiça clamorosa para com os dicionários.

O texto acima foi composto com 20 frases feitas tiradas do livro e, se o leitor não captou a brincadeira, é porque o tiro saiu pela culatra (21 frases, agora) e demos com os burros n'água (22)

O PAI DOS BURROS - DICIONÁRIO DE LUGARES-COMUNS E FRASES FEITAS
Autor: Humberto Werneck
Editora: Arquipélago
Quanto: R$ 29 (208 págs.)
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Teste: Você é capaz de identificar os clichês incluídos neste texto por Ivan Finotti?

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4.9.09

 

Sono criativo

Divulgação Científica
Sono criativo
9/6/2009

Agência FAPESP Problema difícil de solucionar? Faltou criatividade? Melhor deixar para lá e ir dormir. Segundo um novo estudo, o sono estimula a criatividade e a solução de problemas. A pesquisa pode ter importante implicações para entender como o sono, especificamente o sono REM, atua na formação de redes associativas no cérebro.

Sono REM (sigla em inglês para “movimento rápido dos olhos”), também conhecido como sono paradoxal, é a fase caracterizada pela presença de sonhos e maior atividade neuronal do que a fase não-REM.

O estudo feito por Sara Mednick, da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, e colegas mostra que a fase REM estimula diretamente o processamento criativo mais do que qualquer outra fase do sono ou mesmo durante o período em que se está acordado.

O trabalho será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Verificamos que, para questões ligadas ao que a pessoa está trabalhando no momento, a passagem do tempo é suficiente para encontrar as soluções. Entretanto, para novos problemas, apenas o sono REM é capaz de aumentar a criatividade”, disse Sara.

Segundo ela, aparentemente o sono REM ajuda a chegar a soluções por meio do estímulo de redes associativas, permitindo que o cérebro estabeleça ligações novas e úteis entre ideias não relacionadas. Outro ponto importante é que essa característica não seria por conta de melhorias na memória seletiva.

Para identificar se as melhoras eram devidas ao sono ou simplesmente à redução de interferências – uma vez que experiências durante o período acordado interferem na consolidação da memória –, os pesquisadores compararam períodos de sono com períodos de descanso controlado sem qualquer estímulo verbal.

Aos participantes do estudo foram apresentados múltiplos grupos de três palavras e eles tiveram que falar uma quarta palavra que poderia ser associada com as demais. Foram feitos testes nas manhãs e no fim do dia, com os voluntários divididos entre três grupos: o primeiro que dormiu à tarde e atingiu o sono REM, outro que dormiu mas não atingiu essa fase e um terceiro que ficou em descanso sem dormir.

Segundo o estudo, o primeiro grupo apresentou um aproveitamento 40% melhor nos testes feitos após o período de sono, enquanto os demais não mostraram resultados diferenciados.

Os pesquisadores sugerem que a formação de redes associativas a partir de informações previamente não relacionadas no cérebro, que levam à solução criativa de problemas, seria facilitada por mudanças nos sistemas neurotransmissores durante a fase de sono REM.

O artigo REM, not incubation, improves creativity by priming associative networks, de Sara Mednick e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em http://www.pnas.org/.
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2.9.09

 

Resenha - Preconceito lingüístico (Marcos Bagno)

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico – o que é, como se faz. 15 ed. Loyola: São Paulo, 2002



Por/by: Cláudia Hashimoto Figueiredo Cerqueira

LAEL/PUC-SP


Marcos Bagno, mineiro de Cataguases, é autor de livros infantis, juvenis e, além disso, já escreveu um livro de contos, A invenção das horas, ganhador do IV Prêmio Bienal Nestlé de Literatura em 1988. Em o Preconceito Lingüístico – O que é, como se faz - publicado em 1999 pela editora Loyola, Bagno traz uma discussão sobre as implicações sociais da língua. Ele já havia discutido em seu livro A língua de Eulália, Novela Sociolingüísticaa forma preconceituosa com que a língua é tratada na escola e na sociedade e, no Preconceito Lingüístico, retoma essa discussão.

Na edição mais atual de seu livro (15ª), encontrei algumas modificações significativas em comparação com a primeira edição. Segundo o autor, essas mudanças devem-se à vontade de manter o livro sempre atualizado, sintonizado com a evolução e a maneira de ver as coisas; com as críticas, sugestões e comentários que o trabalho recebe. Dentre as mudanças, destaco o acréscimo de um capítulo final - O Preconceito contra a lingüística e os lingüistas, o anexo de uma carta de Bagno à Revista Veja, e a história da capa do livro.

Bagno recusa a noção simplista que separa o uso da língua em " certo" e " errado" , dedicando-se a uma pesquisa mais profunda e refinada dos fenômenos do português falado e escrito no Brasil.

Ao mesmo tempo, convida o leitor a fazer um passeio pela mitologia do preconceito lingüístico, a fim de combater esse preconceito no nosso dia-a-dia, na atividade pedagógica de professores em geral e, particularmente, de professores de língua portuguesa. Para isso. O autor analisa oito mitos inseridos no primeiro capítulo do livro A mitologia do preconceito lingüístico.

No Mito nº 1 – A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente, em que o autor fala da diversidade do português falado no Brasil e destaca a importância de as escolas e todas as demais instituições voltadas para a educação e a cultura abandonarem esse mito da unidade do português no Brasil e passarem a reconhecer a verdadeira diversidade lingüística de nosso país Qualquer manifestação lingüística que escape desse triângulo escola-gramática-dicionário é considerada, sob a ótica do preconceito lingüístico, " errada" , como Bagno discute no Mito nº 4 – As pessoas sem instrução falam tudo errado.

No Mito nº 2 – Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português, o autor faz uma longa análise levando em conta a história desses dois países e desmistifica mais esse preconceito. Quanto ao ensino do português no Brasil, questão também abordada no Mito nº 3 - Português é muito difícil, o problema é que as regras gramaticais consideradas " certas" são aquelas usadas em Portugal, e como o ensino de língua sempre se baseou na norma gramatical portuguesa, as regras que aprendemos na escola, em boa parte não correspondem à língua que realmente falamos e escrevemos no Brasil. Por isso achamos que português é uma língua difícil. O mito no. 4, Brasileiro não sabe português afeta o ensino da língua estrangeira, pois é comum escutar professores dizer: os alunos já não sabem português, imagine se vão conseguir aprender outra língua, fazendo a velha confusão entre a língua e a gramática normativa.

Bagno, no Mito nº 5 – O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão, diz ser este um mito sem nenhuma fundamentação científica, uma vez que nenhuma variedade, nacional, regional ou local seja intrinsecamente " melhor" , " mais pura" , " mais bonita" , " mais correta" do que outra.

Mais um preconceito analisado é a tendência muito forte, no ensino da língua, de obrigar o aluno a pronunciar " do jeito que se escreve" , como se fosse a única maneira de falar português, Mito nº 6 – O certo é falar assim porque se escreve assim.

Mito nº 7 – É preciso saber gramática para falar e escrever bem. Segundo o autor, é difícil encontrar alguém que não concorde com esse mito. Que se invalida, entre outras razões, pelo simples fato de que se fosse verdade, todos os gramáticos seriam grandes escritores, e os bons escritores seriam especialistas em gramática. A gramática, na visão do autor, passou a ser um instrumento de poder e de controle.

O último Mito – O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social, que fecha o circuito mitológico, tem muito a ver com o primeiro, pois ambos tocam em sérias questões sociais. Bagno diz que o domínio da norma culta nada vai adiantar a uma pessoa que não tenha seus direitos de cidadão reconhecidos plenamente e que não basta ensinar a norma culta a uma criança pobre para que ela " suba na vida" Precisa haver um reconhecimento da variação lingüística, porque segundo o autor, o mero domínio da norma culta não é uma fórmula mágica que, de um momento para outro, vai resolver todos os problemas de um indivíduo carente.

No capítulo II O círculo vicioso do preconceito lingüístico, o autor explica que os mitos analisados no capítulo I são perpetuados em nossa sociedade por um mecanismo de círculo vicioso do preconceito lingüístico e demonstra como o procedimento de muitos profissionais colabora para a manutenção da prática de exclusão.

No Capítulo III A desconstrução do preconceito lingüístico Bagno discute a ruptura do circuito vicioso do preconceito lingüístico, afirmando que a norma culta é reservada, por questões de ordem política, econômicas, sociais e culturais, a poucas pessoas no Brasil.

Discute, por exemplo, a mudança de atitude do professor que deve refletir-se na não-aceitação de dogmas, na adoção de uma nova postura (crítica) em relação a seu próprio objeto de trabalho: a norma culta. Essa mudança, do ponto de vista teórico, poderia ser simbolizada numa troca de sílabas: ao invés de rePEtir alguma coisa,o professor deveria reFLEtir sobre ela.

Neste mesmo capítulo o autor discorre sobre o que é ensinar o português; o que é erro; a paranóia ortográfica (procurar imediatamente erros na produção de um aluno). Reconhece que o preconceito lingüístico está aí, firme e forte, e que mudanças só acontecerão quando houver uma transformação radical do tipo de sociedade em que estamos inseridos.

No último capítulo ( IV) O preconceito contra a lingüística e os lingüistas, Bagno discute o ensino da gramática tradicional. Sua crítica diz respeito aos conceitos da gramática tradicional, estabelecidos há mais de 2.300 anos. Levanta novamente a questão das mudanças, reconhecendo que o novo assusta, subverte as certezas e compromete as estruturas de poder e dominação há muito vigentes.

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