27.8.10

 

Bloqueios à criatividade

por Jairo Siqueira


Bloqueios mentais são obstáculos que nos impedem de perceber corretamente o problema ou conceber uma solução. Pela ação destes bloqueios nós nos sentimos incapazes de pensar algo diferente, mesmo quando nossas respostas usuais não funcionam mais. Alguns bloqueios são criados por nós mesmos: temores, percepções, preconceitos, experiências, emoções, etc. Outros são criados pelo ambiente: tradição, valores, regras, falta de apoio, conformismo, entre outros. Os bloqueios mentais podem ser classificados em cinco categorias:

Bloqueios culturais: Barreiras que impomos a nós mesmos, geradas por pressões da sociedade, cultura ou grupo a que pertencemos. Eles nos levam à rejeição do modo de pensar de pessoas ou grupos diferentes. Alguns destes bloqueios:

Nós não pensamos ou agimos deste jeito aqui.
Nosso jeito é o certo.
Respeitamos nossas tradições.
Não se mexe em time que está ganhando.

Bloqueios ambientais e organizacionais: Resultantes das condições e do ambiente de trabalho (físico e cultural):

Distrações no ambiente de trabalho, reais ou imaginárias (interrupções, ruídos, telefone, e-mail).
Ambiente de trabalho opressivo, inseguro, desagradável.
Atitudes inibidoras à expressão de sentimentos, emoções, humor e fantasia.
Autoritarismo, estilos gerenciais inibidores.
Falta de apoio, cooperação e confiança.
Rotina estressante e inibidora.

Bloqueios intelectuais e de comunicação: Inabilidade para formular e expressar com clareza problemas e idéias. Podem resultar de vários fatores:

Falta de informação e pouco conhecimento sobre o problema ou situação analisada.
Informação incorreta ou incompleta.
Fixação profissional ou funcional, isto é, procurar soluções unicamente dentro dos limites de sua especialização ou campo de atividade.
Crença de que para todo problema só há uma única solução válida.
Uso inadequado ou inflexível de métodos para solução de problemas.
Inabilidade para formular e expressar com clareza problemas e idéias.

Bloqueios emocionais: Resultantes do desconforto em explorar e manipular idéias. Eles nos impedem de comunicar nossas idéias a outras pessoas. Alguns exemplos:

Medo de correr riscos; desde criança somos ensinados a ser cautelosos e não falhar nunca.
Receio de parecer tolo ou ridículo.
Dificuldade em isolar o problema.
Desconforto com incertezas e ambigüidades.
Negativismo: procura prematura de razões para o fracasso, por que não vai dar certo.
Inabilidade para distinguir entre realidade e fantasia.

Bloqueios de percepção: Obstáculos que nos impedem de perceber claramente o problema ou a informação necessária para resolvê-lo. Inabilidade para ver o problema sob diversos pontos de vista. Exemplos:

Estereótipos: ignorar que um objeto pode ter outras aplicações além de sua função usual. Gutenberg adaptou a prensa de uvas para imprimir livros; Santos Dumont usou a corda de piano para substituir as pesadas e grossas cordas usadas nos balões.

Fronteiras imaginárias: projetamos fronteiras no problema ou na solução que não existem na realidade.

Sobrecarga de informação: excesso de informações e de detalhes que restringem a solução que pode ser considerada.

Os bloqueios são paredes invisíveis que nos impedem de sair dos estreitos limites do cubículo que construímos ao longo dos anos. Os tijolos desta parede são feitos de nossos medos, frustrações, ansiedades e imposições da sociedade, família, colegas e superiores. Quando se sentir paralisado e incapaz de pensar diferente, relaxe e procure enxergar estes tijolos. A consciência dos bloqueios mentais já é meio caminho andado no desenvolvimento de suas habilidades criativas.

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1.8.10

 

Direito ao ócio e ao lazer! Permita-se!

Estudiosa defende a preguiça como estratégia de resistência




São Paulo, 16 de Junho de 2008Scarlett Marton, conceituada professora de Filosofia Contemporânea da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), concedeu, na semana passada, uma palestra polêmica sobre workaholics (trabalhadores compulsivos). Além de apresentar as possíveis razões para este fenômeno, trouxe à tona uma visão nada convencional sobre o tema.


Disse que o homem contemporâneo precisa retomar a preguiça, como estratégia de resistência. “A atual compulsão por trabalho criou pessoas sem consciência da própria existência. E isso não é saudável, nem no ambiente corporativo, nem no lar, de maneira geral. Isso atrapalha o trabalho em si”, diz Scarlett.


Para chegar a este pensamento, a filósofa recorreu à história do trabalho. “Na civilização greco-romana, o homem comum não tinha ocupação, ofício, profissão. Trabalho era sinônimo de degradação, tortura, era atividade para os escravos”, diz. Ela conta que só no século XIII, o trabalho ganhou um certo status entre as sociedades européias, graças às atividades manuais exercidas nos monastérios. “E o reconhecimento como valor social se dá apenas no Renascimento, no século XVII. Nesse período é que é visto como elemento que aprimora, desenvolve o homem. A idéia de lazer veio a ser, então, desenvolvida somente na década de 30 do século XX, com as férias “remuneradas”, afirma.


Em suas pesquisas, ela conta que a idéia do mesmo “lazer”, hoje, vem acoplada a uma certa obrigação. “Você tira férias e se sente na obrigação de viajar, de ter muito dinheiro para pagar um belo hotel, consumir belos produtos”, comenta. “Tudo nos é imposto pela propaganda”.


E esta noção de diversão, conforme a professora, teria se intensificado há 30 anos, quando apareceram os workaholics. “O evento do trabalhador compulsivo é muito recente. O homem moderno não se dá conta de que o ócio concede mais consciência sobre nossa própria condição humana. É preciso exercitá-lo”. Mas como exercer o ócio em uma sociedade que tanto nos cobra? “É preciso ter espírito crítico quanto às nossas atividades cotidianas, prestar atenção se nossos desejos são verdadeiros, ou fabricados e padronizados pela publicidade”, critica.


Se a teoria é bem articulada, o certo é que não é tão simples colocá-la em prática. A opinião é do dentista Oscar Razuk, que criou uma teoria de otimização de tempo ao perceber que 72% de seus clientes, a maioria formada por executivos, abandona os tratamentos dentários simplesmente por que são workaholics. “São pessoas que se preocupam muito com o trabalho e que se esquecem da própria vida. No meu caso, dentista que sou, tento mostrar que a saúde bucal pode aumentar a expectativa de vida de uma pessoa em até quatro anos. Muitos alegam, porém, que não têm tempo para acabar o tratamento, pois perderiam tempo e isso quer dizer perder dinheiro. Acabei então por pensar em palestras que abordam justamente a importância de se perceber que a saúde interessa mais do que o trabalho ou o dinheiro”, conta.


Cidinha De Conti, diretora da empresa de marketing Conti Ações Integradas está com sete ações diferentes nesta semana. Em cada evento que faz, cabe a ela criar, organizar e coordenar equipes, definir programas e logísticas. “Minha profissão exige muitos detalhamentos. Para que as ações dêem certo, é preciso que eu me entregue completamente. Assim, tenho que estar à disposição do trabalho em tempo permanente”, afirma. Ela acredita que a definição workaholic acaba se anulando, se a pessoa tem prazer em seu trabalho. “No meu caso, trabalho é uma fonte de prazer. Posso trabalhar aos sábados, domingos, feriado, seguidamente, que isso não vai me incomodar”, finaliza.


Ela trabalha, em média, dez horas por dia, em ritmo frenético. Não se considera workaholic, mas admite: “meus amigos dizem que a primeira característica de um workaholic é a negação de que faz parte deste grupo”.

Fonte: Aqui
(Gazeta Mercantil – Alexandre Staut)



Leia também o clássico Direito à Preguiça de Paul Lafargue



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