28.4.11
Nossa missão
Cantiga para quem sonha
(Fado cantado por Luis Goes)
Música: João Figueiredo Gomes
Letra: Leonel Carlos Duarte Neves
Tu que tens dez reis de esperança e de amor
grita bem alto que queres viver.
Tudo o que é belo não é de vender
nem brisa ou estrelas, sol ou lua cheia
Não vendem moças de amar
nem certas janelas em dunas de areia.
Dá o teu braço aos que querem sonhar
Quem trouxer mãos livres ou um assobio,
nem é preciso que saiba cantar.
grita bem alto que o céu está aqui.
Crê que esse mundo começa por ti.
um passo de dança, um sonho maduro.
Canta glosando este tema,
Em cada criança há um homem puro.
Dá o teu braço aos que querem sonhar
Quem trouxer mãos livres ou um assobio,
nem é preciso que saiba cantar.
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Missão: Contribuir para o autoconhecimento e desenvolvimento de cada indivíduo, a partir de recursos comunicativos, simbólicos, artísticos e lúdicos.
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Caleidoscópio de visões:
a teia interminável do saber e da verdade
13 de agosto de 2006.
6 bilhões de outros (clique aqui) "olhares" |
Numa sexta-feira estava na Toca do Chopp com uma amiga, discutíamos episódios nada, digamos, convencionais da vida. Gargalhadas depois, em certo momento analisávamos um fato específico: se naquele instante o proprietário do bar resolvesse contratar alguém para narrar sobre como “é ou está” o seu estabelecimento? Decerto histórias contraditórias, complementares, semelhantes, estranhas, apareceriam.
Um cliente mais sóbrio e solitário poderia dizer que o ambiente está neutro demais. Já as amigas animadas, na primeira fileira, poderiam superficialmente dizer que nem repararam muito, mas que iriam escrever uma análise. O garçom atarefado podia revelar o quanto gosta de equilibrar bandejas em um ambiente noturno. Ou não. O caixa daria sua versão econômica, talvez. A menina de óculos, sozinha, esperando a lua baixar, poderia romanticamente dizer sobre noite, as nuvens e os chopps iluminados e seus colarinhos espumantes. O senhor da mesa ao lado do banheiro narraria uma história de entra-e-sai no melhor estilo a cevada e seus poderes diuréticos. O jovem enamorado diria que o caldinho de feijão não pega tão bem nessa hora de hálitos ingênuos. E, ainda, tantas outras versões seriam possíveis.
Mas, qual seria a história melhor? Ou a melhor história... Quem deteria a verdade em linhas escritas a partir de olhares e parcialidades de uma noite espreitada da cadeira de um bar? Todos e ninguém.
Relatar, compor uma narrativa, seja de fatos reais ou imaginários, é uma costura de cenas e detalhes selecionados pelo autor. Observar, escolher, analisar, escrever são verbos que passam sempre pelo sujeito.
Voltando à hipótese lançada no início, qual composição seria escolhida para representar aquele momento? Depende. Quem faria a seleção? Se um júri fosse formado tentando-se um “julgamento mais imparcial”, mais perto do “senso comum”, ainda assim passaria pelo crivo dos julgadores, suas referências, cultura e preferências.
O que se passa pelo olhar, se passa simultaneamente pelo ser e o contexto. Quem dá significado às coisas, também aos acontecimentos, é o indivíduo (sua percepção e o momento). É pela interação com algo/alguém que os organismos vivos “apreendem”, transformam e são transformados. Sendo que não há exatamente em uma conseqüência previsível para as inúmeras combinações e possibilidades.
Estamos, ultimamente, tão acostumados (treinados) ao senso de utilidade e à busca de “resultados” que passamos parte do tempo a procurar a serventia de tudo, formulando teorias e disseminando dogmas. E, o pior, acreditando que os olhares dos outros estão mais “corretos ou incorretos” (maniqueísmo) diante do nosso. Para que serve a arte? Para que serve a poesia? Para que serve a literatura? Para que serve uma cadeira...
As histórias da humanidade e das culturas, de cada ser humano e dos grupos, são permeadas de subjetividades. São cacos coloridos, recortados e pintados por pessoas com atributos variados, que formam um grande caleidoscópio. Cada giro pode gerar nova cena, num jogo ótico sucessivo de reflexos que formam imagens em constante mutação.
“Conter a verdade” é o mesmo que não poder piscar em plena ventania. Fazer história, viver, talvez seja simplesmente manusear um caleidoscópio de visões multifacetadas, e olhar por uma interminável teia de saberes e verdades, acrescentando, se possível, mais um pedaço, no tom que for lhe mais belo. Ou não...
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24.4.11
Criatividade: transformação
Amo arrastar algumas no caco de vidro,envergá-las pro chão, corrompê-las, -
"A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos". (M.B.)
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20.4.11
O prazer de usar a linguagem - por Paulo Leminski
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16.4.11
Palestras para autoconhecimento
com professor Jorge Melchiades Carvalho Filho
Clique sobre título do grupo de palestras para entrar no youtube:
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11.4.11
As torradas queimadas
Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho, muito duro.
Naquela noite, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado.
Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse:
- Adorei a torrada queimada...
Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse:
- Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai, mesmo que tente todos os dias!
O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.
Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos, os dois, a suprir um as falhas do outro. Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando. Ela não sabe usar a furadeira, mas após minhas reformas, ela faz tudo ficar cheiroso, de tão limpo. Eu não sei fazer uma lasanha como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu. Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem reclamar.
A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apóia, eu e ela nos completamos. Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes. Não que mais tarde, o dia que um partir, este mundo vá desmoronar, não vai.
Novamente teremos que aprender e nos adaptar para fazer o melhor. De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos. Então filho, se esforce para ser sempre tolerante, principalmente com quem dedica o precioso tempo da vida, à você e ao próximo.
(autor desconhecido)
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5.4.11
Inspiração: uma visita ao baú do escritor
"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que 'baixa' no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".
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Na citação acima, Scliar nos mostra a importância de um repertório rico e variado de experiências que o escritor deve guardar dentro de si. Seja por viver, observar, ler, ouvir, imaginar... não importa. Um produtor de textos deve afinar o seu olhar como um músico afina o seu instrumento. Estar atento aos mundos externo e interno é o primeiro passo. Expressar essa percepção é o desafio! Vamos treinar?
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