23.10.13
Escrita terapêutica na mídia
Extravasar com todas as letras
Por
meio das páginas ou das telas, a escrita se transforma em ferramenta terapêutica.
Para especialistas, a experiência é mais imune aos boicotes sociais e pessoais,
além de servir de estímulo aos leitores
Dos desabafos à profissão
Explorar os benefícios da
escrita pode também ser um comportamento integrante de um tratamento
terapêutico. Segundo Francisco Cavalcante Junior, professor da Universidade Federal
do Ceará (UFC), psicoterapeutas têm solicitado a pacientes que escrevam diários
entre as consultas. “E percebo essa técnica como bastante eficaz”, avalia.
Para a arteterapeuta
Solange Pereira Pinto, 45 anos, o uso da escrita como forma de terapia se
tornou também parte da vida profissional. Solange escrevia poemas e diários
desde a adolescência. Depois de abandonar a carreira na área de direito, fez
especializações em psicodrama e em formas de usar a arte como terapia. “Nesse processo
de estudo e de autoconhecimento, descobri que a escrita tinha mesmo função
terapêutica. Isso embasou o que eu já fazia espontaneamente”, explica.
Com a mudança
profissional, Solange criou o ateliê Ato com Texto, que busca utilizar a arte
para o desenvolvimento pessoal. Um dos cursos oferecidos no espaço é o de
utilização da escrita como forma de terapia. “Noto que as pessoas não sabem que
é possível fazer terapia por meio da escrita e que o processo pode ser mediado pela
presença de profissionais que as auxiliam.”
Quando adolescente, para
Solange, a escrita era um caminho de expressão, de externar o que sentia. Segundo
ela, o hábito também já trazia, em si, características de um processo terapêutico.
Coma especialização, Solange convenceu-se de que a escrita, além de organizar
sentimentos, dá consciência às sensações e possibilita ver de fora o que se
passa por dentro.
“Não há dúvidas de que o
escrever favorece muitas pessoas”, confirma a psicóloga e presidente da
International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), Ana Maria Rossi.
A especialista explica que, como o pensamento se dá de forma automática, muitas
informações importantes para a análise e a compreensão dos fatos podem ser
deixadas de lado no dia a dia. “Acontece uma instropecção e uma organização mental
e cognitiva durante o momento de escrever. Por isso, ao escrever, a pessoa
percebe coisas importantes, que podem passar batidas apenas pensando.”
Fonte: Correio Braziliense, p. 22 - publicada em 22/1-/2013
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